De tempos em tempos é importante falar sobre o que está acontecendo no mundo. Remover boa parte dos barulhos, ruídos, informações ruins, erradas e exageradas.
É justamente nesses momentos que devemos parar e olhar para o que realmente importa, fazendo uma leitura mais profunda, com menos sentimento e mais racionalidade.
Apesar de ser um ano de eleição aqui no Brasil, do mundo estar flertando com uma nova guerra na Europa e ainda existir um vírus mortal circulando por aí, bagunçando as nossas vidas, o mundo deve continuar a existir, e assim como toda crise, esta também passará.
Vamos recapitular o que vivemos até agora: pandemia global que restringiu a locomoção, consequentemente parou os negócios e bagunçou a famosa lei que rege os mercados, a da “oferta e demanda”. Agora vivemos a maior ameaça de inflação global desde as décadas de 70/80.
Como chegamos aqui? Explico: lá em 2008, quando tivemos a crise do mercado imobiliário americano, foi estabelecida uma política monetária chamada de Afrouxamento Monetário (QE, em Inglês) e basicamente os EUA imprimiram dólar de 2008 até 2019 sem pensar muito nas consequências. Foi então que, quando começaram a repensar essa estratégia, surgiu a pandemia e mais dinheiro foi impresso nesses últimos dois anos, superando a quantia impressa na última década inteira.
Agora somem os fatores: aumento da demanda + diminuição da oferta + dinheiro circulando no mundo = inflação.
E um ponto que poucos comentam é que a expectativa de inflação gera mais inflação. Essa relação vira uma bola de neve que demora a diminuir. Algumas soluções para inflação seriam: mais oferta ou dinheiro mais caro.
Como produzir mais? Esse sempre foi o desafio do mundo moderno. Mais fácil e rápido aumentar o custo do dinheiro. Como fazer isso, então? Aumentando a taxa de juros e deixando o dinheiro mais caro.
Estamos vendo exatamente isso acontecer no mundo todo. O Brasil fez a lição de casa bem rápido, aumentou a Selic de 2% para 10,75% e dizem que irá parar apenas em 11,5%, ou talvez 12%. Alguns dizem que foi exagero, porém, nossa inflação está em 10%. Foi necessário. Se tivéssemos algum sinal de que os gastos públicos seriam menores nos próximos anos, ou que nossa receita seria maior, isso com certeza ajudaria. Porém, estamos em ano de eleição e o gasto já está sendo maior do que o previsto. Esse sempre será nosso maior risco.
E como estão os EUA? Só o fato de a inflação estar próxima de 7% por lá e a taxa de juros ameaçar subir de 0,5% para 2% já está fazendo o mundo entrar em pânico. A principal bolsa americana (S&P500) está caindo desde dezembro. E o desafio deles é maior do que o nosso. O Banco Central (FED) terá que não só acabar com o Afrouxamento (QE), mas também subir os juros e começar a diminuir o tamanho do balanço que vem carregando desde 2008. Ou seja, terá que vender muitos ativos.
Como fará isso sem gerar muito caos e volatilidade no mundo?
Não temos estas respostas e nem saberemos se será tranquilo ou caótico, porém sabemos de duas informações bastante importantes:
Juros Altos beneficiam os investidores de renda fixa. Aquela sua reserva de emergência ou ativos mais conservadores que ficaram anos rendendo pouco, vão render bastante esse ano.
A renda variável vai voltar a ser tratada com respeito. Explico: num mundo com muita liquidez e muito dinheiro sobrando, os fundamentos das empresas não eram tão valorizados. Muitos ativos se valorizavam sem uma boa explicação. Agora o cenário mudou.
Boas empresas, com bons resultados, poderão até sofrer em curto prazo, mas em longo prazo retornarão com boas valorizações ou pagarão bons dividendos. As empresas ruins, por outro lado, simplesmente serão esquecidas.
Portanto, nesse momento, mais do que nunca, tomem muito cuidado com “apostas”. Sigam uma estratégia baseada em fundamentos que proteja seu capital em longo prazo. Ela pode parecer sem graça no começo, mas investir não é sobre ter graça, boa parte do tempo é chato, confuso, frustrante. Mas o que realmente importa é a nossa convicção de que estamos fazendo o que realmente importa para proteger o nosso patrimônio em longo prazo. Dinheiro (vezes) Juros compostos (Elevado) ao longo de muito tempo = Independência Financeira.
Vamos passar por momentos mais difíceis pela frente, conte conosco para enfrentá-los com mais tranquilidade.
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