No dia 17 de Março de 2021, última quarta-feira, o COPOM (Comitê de Políticas Monetárias) decidiu aumentar a taxa SELIC de 2% para 2,75%. Os motivos por trás desta decisão geraram grande repercussão e muitos seguem questionando se essa medida será suficiente para impulsionar a economia do Brasil de volta aos patamares de crescimento. Por conta disso, decidimos esclarecer aqui como esta decisão impacta em seu bolso e quais são as tendências para a economia brasileira nos próximos trimestres de 2021.
Em primeiro lugar, vamos relembrar alguns pontos importantes:
O que é a taxa SELIC?
A SELIC é a taxa básica de juros da economia e serve tanto como referência para outras taxas de juros (taxa aplicada em financiamentos imobiliários, por exemplo) quanto para remunerar investimentos por ela corrigidos.
> Taxa SELIC na prática:
Os juros são utilizados pelo Banco Central como uma ferramenta de política monetária que serve para, além de outros fatores, controlar a inflação e/ou estimular a economia para a direção ideal. De forma prática, quando a SELIC aumenta, o consumo é reduzido e a demanda diminui, logo, os preços também abaixam. Quando a inflação está controlada, o Banco Central derruba os juros da SELIC para estimular o consumo.
Claro que isso é uma tendência que pode ou não acontecer, pois os juros futuros não respondem apenas ao movimento da SELIC. Fatores como a dívida pública brasileira, inflação americana e preços de câmbio também impactam na nossa inflação.
Hoje nós vamos olhar um aspecto que chamou muito a atenção do mercado no primeiro trimestre de 2021, a taxa de juros dos Estados Unidos.
Dólar americano e reserva de valor:
Reserva de valor é a função que determinados bens e ativos têm de preservar seu poder de compra com o passar dos anos.
Por ser uma moeda forte, investidores do mundo todo tendem a manter e investir suas reservas financeiras em dólar, mantendo o poder de compra de seu patrimônio em momentos instáveis da economia.
Porém, será mesmo que isso impacta em nosso bolso? A resposta é sim!
Isso acontece por alguns motivos. Primeiramente, se a taxa de juros dos EUA está maior, isso significa que investimentos corrigidos por essa taxa também terão seu valor aumentado. Afinal, quem não gostaria de manter seu dinheiro aplicado de forma segura e rentável na maior economia do planeta?
Além disso, o aumento dos juros americanos impacta no preço de produtos internacionais que são importados pelo Brasil. Se os produtos chegam mais caros ao Brasil, esse aumento é repassado para seus compradores, ou seja, os preços inflacionam.
A taxa de juros americana manteve-se em patamares baixíssimos nas últimas décadas, permanecendo abaixo de 3% ao ano. A última “temporada de aumentos” começou em novembro de 2016, quando a taxa, que antes era 0,5%, foi para 2,5% ao final de 2018. A partir de então as taxas só caíram. Hoje, ficando entre 0% e 0,25%, ela continua baixa, porém a projeção é de que o aumento da taxa aconteça ao longo do ano de 2021.
Se a taxa de juros americana aumentar de forma organizada e gradativa, não terá um impacto negativo em nossa economia, pois haverá tempo para o mercado se acostumar e tomar medidas necessárias (como, por exemplo, o aumento da taxa SELIC para controlar a economia). Caso isso não aconteça e as taxas de juros americanas cresçam de forma rápida, o nosso mercado terá de se adaptar e agir de acordo. Isso não significa desespero, mas apenas que os tomadores de decisão que cuidam da economia brasileira precisarão trabalhar de forma competente em endereçar os problemas e questões da nação.
Por fim, ressaltamos que o momento atual traz sim algumas incertezas. Então, cuide bem da sua reserva de emergência, tenha cautela na hora de gastar seu dinheiro e sempre avalie qual o tipo de risco que você está disposto a assumir em seus investimentos, para que, caso ocorram futuras instabilidades na economia brasileira, o seu patrimônio e da sua família estejam protegidos.
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